segunda-feira, 15 de abril de 2013

Por um Centro de Reabilitação na Lua! (ou A triste história dos cidadãos de bem)




Acreditar que a redução da maioridade penal vai resolver ou pelo menos ajudar a diminuir a violência é a mesma coisa de dizer que a proibição das drogas diminuiu o uso das mesmas.  

A história esta aí prontinha para ser degustada, mas é preciso um pouquinho só de esforço para procurar outras fontes de informação, além do jornal nacional:

Baseado em uma lógica ingênua de "combate às drogas" pela PROIBIÇÃO, Trilhões e Trilhões e mais trilhões já foram gastos. E o consumo? só aumentou. E só depois de quase um século de esforços inúteis para frear o consumo desenfreado de drogas, é que os diferentes governos, nos diferentes países, começam a admitir que a proibição não ajuda e não ajudou em nada (e isso inclui os EUA). Pelo contrário: ajudou e ajuda enormemente o tráfico, aumenta vertiginosamente os problemas de saúde, a violência e a dependência química e psicológica. Basta ver os dados. Ponto.

Agora, mais uma vez, somos levados pelo senso comum e pela mídia burguesa (globo, veja, e derivados dessa corja de assaltantes) a acreditar que o problema da violência no brasil passa pela REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL. A bola da vez, o bode-expiatório da parada, agora são os jovens. 

É preciso esquecer a bancada evangélica e toda a cagada que estão fazendo no já cagado congresso brasileiro. Esqueçam também as alianças esdrúxulas político-partidárias que rolam e sempre rolou entre os partidos. Esqueçam também os petistas mensaleiros que ocupam altos cargos no governo atualmente. Esqueçam os inúmeros casos de abuso que os usuários de crack vem sofrendo do governo. Esqueçam a internação compulsória (que de compulsória não tem nada: é violação plena do direito de ir vir mesmo!). Esqueçam: Renam calheiros, Sarney, a precarização da educação brasileira, o discursos hipócritas e sínicos da presidente desse país (senhora dilma roussef) afirmando com a boca cheia o estado laico e a democracia enquanto minorias são esculachadas e indemonizadas bem na frente de seu nariz.

Esqueçam todos esses pequenos problemas e foquem nos jovens bandidos, assaltantes, perversos e malígnos!

Os jovens dessa suposta nação (a quem deveríamos dar O MAIOR APOIO E SUPORTE POSSÍVEL com educação, assistência social, etc) serão, aos poucos, enxotados e aglomerados nas cadeias brasileiras. Lá dentro, como todos já sabem, eles vão receber um verdadeiro CURSO ESPECIALIZADO baseado na violência, na imposição e no ódio ao outro, no ódio a toda a humanidade. É uma verdadeira Usina marginal: saindo de lá, e algum dia eles vão sair, tenham certeza, eles vão sair piores do que entraram. Muito pior. E com um desejo bastante concreto de vingança para quem os botou lá. \o/

Aí qual será o próximo passo? Mandá-los para um centro de reabilitação na LUA juntos com os viciados em crack e os homossexuais?

#blau  #ficaadica  

domingo, 17 de fevereiro de 2013

CARTA AOS PARANOICOS






Vivemos em tempos difíceis. Existe uma crise que é, antes de tudo, econômica. Porque? Porque fala de escolha. Uma escolha existencial eu diria. Vejamos...

Nós somos os próximos, não tem jeito. Mais do que forjar rupturas através da subversão, com todas as consequências explosivas que essa ruptura vai gerar (e que já está gerando), talvez seja preciso estar ciente, também, da responsabilidade absolutamente emergente que se coloca: a tocha será passada para nós. Simples assim.  Os mais antigos, que reivindicam aos quatro ventos sua imensa “sabedoria”, começam a deixar esse nosso tão querido mundo cruel e não vão sem deixar um legado faraônico para trás, para nós: neoliberalismo, líderes sociopatas, redes sociais, globalização, intolerância religiosa, alimentação a base de veneno, aculturação, imperialismo, cinismo político, cegueira existencial, doenças fabricadas, entre outros. Não vamos começar do zero, claro. O barco ainda é o mesmo e devemos respeitar os antigos marinheiros que tanto ralaram para manter essa embarcação funcionando. O problema é que na cabine central quase todos já partiram, incluindo o piloto. Dos poucos que sobraram, a maioria já se mistura desesperadamente entre os tripulantes para tentar uma última chance de salvação. Ainda resta, também, aqueles que tanto contribuíram para o bom funcionamento do barco, mas que hoje só conseguem devanear a respeito da realidade concreta. Tadinhos! Tem tanto medo de serem passados para trás que defendem, de maneira tosca e com unhas e dentes, o pouco de energia que lhes sobra nas entranhas. E ao invés de gastarem seus últimos suspiros para morrerem com dignidade em algum canto isolado e bucólico (como muitos mamíferos o fazem), preferem converter suas últimas reservas de energia em pura retórica reacionária infantil. E no meio de tudo isso, atravessando tudo, boas doses de comodismo, medo e angústia. E muitos, muitos coadjuvantes e figurantes.

É o caos, meus amigos. Saindo do forno e prontinho para ser degustado. É a maré alta, o mar de ressaca. É o dilúvio existencial, político. É a desafinação de todos os instrumentos. É o infinito em frações de milésimos de segundo. Medo? E porque um paranoico teria medo de um cenário como esse? É o cenário perfeito! Não há o que temer. Os cidadãos de bem ainda não entenderam que as normas que os definem, que os normatizam, vem das mesmas pessoas que os oprimem, que os dopam. Insistem em justificar, de maneira sã e racional, as rédeas que lhes foram implantadas. Vão precisar de mais tempo para sacar que a felicidade e a paz que lhes ensinaram a buscar, nada mais são do que as correntes que os aprisionam.

Vocês, paranoicos, por outro lado, cantam em uníssono: existe algo de algo de errado nisso tudo! E estão certos. Se o caos é parâmetro, quem são os loucos? Quem são os infantis e ingênuos da história? Os que desconfiam da realidade como ela é nos dada? Os que preferem romper ou os que insistem no mais do mesmo? Sim, a conspiração é mundial mesmo! Mas não precisam se afobar, esse é o caminho. Só precisam segui-lo. Porque existem os que simplesmente vão negar esse cenário (cidadãos de bem em geral, detentores do poder, líderes populistas, etc) e os que vão compor a resistência DENTRO DESSE CENÁRIO.

O momento é de conspiração extrema, meus caros amigos. É a necessidade da desconfiança, a necessidade da dúvida. E vocês são vanguarda nesse assunto. Não precisam se esconder mais, o mundo lá fora precisa de vocês mais do que nunca. Entrem nos bares, nas faculdades, nas filas do banco, nos casamentos, nas religiões, nas micaretas, etc. Como uma nuvem de gafanhotos, devastem, simplesmente devastem tudo o que verem pela frente. Vocês sabem, do seu jeito, se defender dos inimigos que tentam entrar em suas mentes. Agora será que eles sabem se defender disso? Creio que não. Então faça! Não precisam se preocupar, vocês estarão disfarçados de cidadãos de bem.
É chegada a oportunidade de pôr as cartas na mesa. Mas não só isso: escolher outra mesa, outras cartas, outros jogadores e outras regras. Ou deixar tudo como está...

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Pacifismo e Ingenuidade parte II





Ação, action, δράση, acción, handling, actie, akció, åtgärder



Gosto de pensar à maneira de um tiozão filósofo esloveno chamado Slavoj Kizek: violência não como o ato em si, mas como conjunto de processos subversivos que causam rupturas, promovem brechas. Ora de maneira forçada, ora de maneira  maliciosa. Violência como tudo aquilo que escancara o não-dito, que desmascara as ações desprovidas de afeto. Violência como espíritos malignos que insistem em desestruturar toda e qualquer forma engessada de organização. Eis aí atos violentos! A violência em sua visceralidade! Violência como qualquer ação que viole o status quo. E nesse sentido, quanta falta de violência! E que falta vc faz!

O pacifismo na Índia foi violento? Muito. E bota muito nisso tá. Toda uma lógica mercadológica colonizadora sendo boicotada cabalmente. A recusa em fazer qualquer exigência que venha dos oficiais ingleses. Até que eles se cansem e percebam o quão estúpidos estão sendo. E véi, tem que ter muita muita coragem e disposição para fazer um bagulho desses.

Na Índia, a não-violência foi, antes de tudo, resultado de muita mobilização e ação. Mais do que enunciação de palavras sobre a paz, eles estavam agindo em prol dela. Com o objetivo claro de emancipação, levaram a cabo o que acreditavam. Com muito suor e sangue realizaram uma resistência bastante eficaz. Postura bastante firme e afirmadora. E assim se tornariam no principal símbolo de Pacifismo Mundial. No entanto, parece que esse histórico de LUTA e ENFRENTAMENTO se transformou e vem se transformando em sinônimo de  inércia total. Conformismo barato, ingênuo. Reduto, inclusive, dos reformistas de plantão, vai vendo...

Tudo o que existe de mais afirmativo e potente no processo de independência Indiano parece ter sido apagado em prol de um ideal abstrato de não-violência. Como se os companheiros Indianos tivessem recebido a independência dos céus. Acordaram um belo dia, receberam uma iluminação qualquer a respeito da não-violência e, assim, receberam diretamente das mãos do criador a independência (!!!). Parece uma história bobinha, mas muita gente age em nome do pacifismo seguindo esse raciocínio. É foda, mas é o que eu mais vejo rolando. Ou seja, existem os que lutam, os neuróticos, os “violentos”, e existem os mais evoluídos: seres que aprenderam que violência só gera violência e que, por isso, optam em não fazer absolutamente nada. Seres tão iluminados, tão superiores, que se escondem atrás de seus egos, morrendo de medo do mundo lá fora. E justificam sua postura absolutamente inerte reivindicando um certo ideal de não-violência, quando na verdade só querem um argumento para não fazer porra nenhuma nessa vida. E desse modo, o ideal de não-violência acaba resumido a reclamações esporádicas sem fruto algum. Como se o ato de não reproduzir o violência, por si só, gerasse uma outra coisa que não a violência propriamente dita.. Contra a violência. Contra atos violentos. Contra propostas violentas. Mas afinal de contas, a favor do que? E, além disso, propondo o que?  Gandhi, ícone máximo do pacifismo, pregou e praticou a não-violência desse jeito?

Forçaram a barra e fizeram com que a expressão “não-violência” se igualasse em número, gênero e grau com a palavra “inútil”. É preciso separar o joio do trigo.  Ghandi e todo o ideal de PAZ que esse homem pregou, não foram, tão somente, resultado de belas palavras jogadas ao vento. Muito menos, resultado de um “não-fazer-nada” em relação à opressão Inglesa. Quem acredita nisso, é bobinho e merece dar continuidade à sua saga pacifista de gabinete. Paciência...

Mas tenho certeza, que além desses, existem os que acreditam que a paz  não é uma idéia abstrata e que é algo que precisa ser CONSQUISTADO diariamente. E que se existe algo que emperra isso, que nos levantemos contra! Assim como os Indianos fizeram, assim como Ghandi, tão sabiamente, o fez. 

Pacifismo e Ingenuidade parte I



Nos dias de hoje, fala-se muito no ideal da não-violência. Termo bonito, quase um indicativo inquestionável que a pessoa é “do bem”. Você sai de lugares, entra em outros lugares, cansa desse lugar, vai para outro e eles estão sempre por ali: discursando de maneira muito bela sobre os benefícios de um mundo sem guerra, sem opressão, sem injustiças, com pessoas mais compreensíveis, mais tolerantes, pessoas que finalmente vão saber ouvir as outras, etc. Tudo muito bonito e motivacional. Sério mesmo pow, quem não desejaria uma vibe assim? Curtir com os amigos sem se preocupar com nada, vivendo num mundo irado e com pessoas iradas, viver as mais belas histórias de amor, ter o direito institucional de poder viajar pelo mundo quantas vezes quiser, etc.

Só que, no cotidiano, observo muitas dessas mesmas pessoas frustradas pelos cantos. Cabisbaixas (baixa auto-estima?) porque não estão obtendo, da realidade, o resultado que esperam. Provavelmente frustradas por pregarem uma paz estéril que simplesmente não surte efeito. E por não conseguirem encontrar pontos de inserção nos espaços em que habitam (para destilar seu discurso supostamente pacificador), assumem uma postura obscura de “vejam! com tanta intolerância assim, não há o que fazer”. Seu pensamento é algo mais ou menos assim: “só é preciso, a partir de agora, se preocupar com a necessidade de discursarmos e pregarmos para as pessoas a não-violência” Como se ser contra a violência fosse o elo perdido de todo processo embrionário de revolução. Será mesmo? E assim, na fala de cada um, de cada grupo, cada movimento, torna-se imprescindível detectar o maior número de brechas possíveis onde a bandeira da tolerância possa ser levantada. Para que cada uma dessas pessoas, grupos, movimentos, sejam conscientizados sobre os benefícios do pacifismo. Ei! é preciso esclarecer: o ato de não reproduzir o violência, por si só, não garante ou afirma coisa alguma. Pelo contrário, pode ser a célula-tronco do conformismo. Ponto. E reduzir o pacifismo à simples não-violência como um fim em si mesmo: ingenuidade.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O silencio dos inocentes






“Uma cidade que um dia já foi bela e que hoje padece em total silêncio. Seu povo dançava nas ruas, se embebedavam pra lá e para cá. Porém, hoje todos os sons parecem ter ido embora. Nem rádios, nem carros tunados, muitos menos artistas tocando música ao vivo nos bares.  O som foi sequestrado! E com ele a música! No máximo, o que temos hoje, são alguns gatos pingados ruivando pelas ruas solitárias buscando qualquer tipo de diversão “


Se daqui há alguns anos, algum roteirista quiser bolar uma histórinha sobre a cidade de vitória, temo que essa seria uma boa introdução para seu roteiro. E nem precisa refletir muito, basta participar minimamente da cena cultural capixaba hoje. E quando digo “cena cultural” não estou só me referindo aos grandes eventos formais bancados pelo governo (que eu não sou contra a priori, afinal de contas é dinheiro nosso ali uai! Que ocupemos todos os espaços!), mas qualquer manifestação cultural que seja feita por pessoas, independente do lugar, do tamanho ou da proposta. Hoje, com as novas leis que regulamentam o nível de decibéis, muitos e muitos bares estão deixando de promover CULTURA. O argumento básico é o incomodo que a altura do som causa aos moradores que ficam aos arredores desses lugares. Os bares hoje, por exemplo, que não tem o isolamento acústico exigido, estão proibidos de ter artistas divulgando seus trampos (que para quem não sabe ou não acredita: sim, pessoas VIVEM disso). Acontece que, a exigência da lei está muito além do que a maioria desses bares pode pagar. E isso é visual! Basta dar um role pelos bares de vitória hoje. O que mais se vê é ou o bar vazio (música é a alma de qualquer bar, fato) ou nego simplesmente burlando a lei do silencio. Tendo dito isso, já podemos falar no rasgado.




Qual a função de tudo isso? Nesse momento o cidadão de bem enche a boca para falar: “porra dalmon, os caras estão trazendo mais paz aos moradores de vitória, dá um crédito mano” Bom, eu não duvido das boas intenções de nossos governantes (tudo bem né, duvido um pouquinho só o/) mas cabe realmente nos perguntarmos o que está por trás de tudo isso. Afinal de contas, os donos dos estabelecimentos e os artistas (que não são poucos e que estão sendo profundamente prejudicados com tudo isso) também se incluem nos “moradores de vitória”. E nesse caso parece que não se lembraram deles ou simplesmente passaram por cima mesmo. Porque vamos combinar: quem tá realmente seguindo essa lei? Tirando uma meia dúzia de artistas e donos de estabelecimentos que tem muita bala na agulha, sabe quem tá seguindo? Ninguém. Ponto. Por um motivo muito simples: é praticamente impossível atender às demandas exigidas. 

Regulamentar, com leis mais severas, os níveis de decibéis gerados em diversos tipos  de situações (que sempre representação algum tipo de exercício da manifestação cultura – subversivo ou mantenedor da ordem) para a promoção de cultura na cidade? Quanta gentileza! Só que com uma lei completamente inflexível e praticamente inalcançável? Meio complicado né.

Paralelamente, o nossos governantes, tão preocupados com a poluição sonora de seus contribuintes, estão investido pesado na mega obra de ampliação da Avenida Fernando Ferrari.  Fora uma série de questões absurdas que essa obra vem trazendo (a sínica e CRUEL falta de uma ciclovia, por exemplo), a pergunta que eu me faço é: e o nível de decibéis que o transito gera? Alguém aí já pensou no nível de poluição sonora que o tráfico de carros gera e vai gerar cada vez mais? E o direito ao descanso dos cidadãos?  Isso então pode né? Ao mesmo tempo em que se implanta, de maneira grosseira e tosca, que beira o desumano, uma política de redução de “ruídos” na cidade, tendo como principal alvo os bares e carros de som (elegendo-os como os grandes vilões que atentam contra a paz dos moradores!), o mesmo governo forja uma obra de ampliação considerável de uma das avenidas centrais do estado para o “bom funcionamento do transito” na cidade de vitória.

Primeiro que é desnecessário dizer que essa obra não vai ajudar em absolutamente nada na diminuição do tráfico. Ponto. Faça mais pistas, crie mais vias, faça mais viadutos. Sabe o que fatalmente acontecerá? Mais carros. Basta ver a quantidade de automóveis que são vendidos cada vez mais. Sem dizer do investimento PESADO em propaganda que tem sido feito para compramos cada vez mais automóveis. E não tem como fugir disso. Segundo, alguém aí já imaginou como ficará o nível de decibéis depois que essa obra estiver concluída? E os moradores que moram nos arredores? E se pararmos pra pensar, a imensa poluição sonora que essa obra vai gerar vai afetar todos. Porque o contingente massivo de carros que aumentará não vai passar só ali. É mais barulho vindo aí. Muito mais! Poluição sonora que será provavelmente maior que qualquer carro de som. Maior que o som de qualquer celular que um funkeiro possa levar para dentro de um ônibus. Maior do que qualquer música ao vivo na rua da Lama (que sempre bomba mesmo nos finais de semana, ao contrário do transito que será todos os dias). 

Tipo assim:

-A obra não vai solucionar o problema do congestionamento, tendo em vista que o número de carros vai aumentar VERTIGINOSAMENTE. Deixo o registro aqui.

-Artistas, bares e a liberdade de expressão como um todo, profundamente agredidos.  

-Cada vez mais concessionárias MULTINACIONAIS de carros se instalando em terras capixabas (com todo apoio e subsídio de nosso governantes)

-Investimento pesado em propaganda: compre carros, olha quanta praticidade, compre carros, carros, compre, compre, compre!
Qual foi o REAL objetivo dessa lei?  NA BOA.

domingo, 9 de setembro de 2012

A cabeça é fria e o sangue é de barata!







Em uma sociedade como a nossa, onde cada vez mais são erguidos muros entre tudo e todos, ter uma residência particular é algo de grande valor. Muitos, inclusive, têm isso como seu maior objetivo de vida. E é algo bem compreensível mesmo: se a maneira como nos relacionamos é cada vez mais violenta e mesquinha, é fundamental ter, pelo menos, um bom teto para o pobre diabinho descansar depois de um longo dia de trabalho. Alí, onde ele finalmente poderá ser o que mandaram, desde criancinha, ele ser. Ou talvez ali, onde finalmente poderá ser o que proibiram ele de ser. Lar, doce lar! Mas como nem tudo se resume à instagram e joguinhos no estilo “curta ou compartilha” eis que surge ,no aconchego de nosso lar, pequenos seres de cor marrom avermelhado. E não faz diferença os diferentes níveis de neurose com limpeza que temos: elas virão por cima, por baixo, dando a volta pelos fundos...até voando! E muitos vão se perguntar: “deus, o que eu preciso fazer pra essas pragas não virem aqui mais” E ele responde prontamente com cara de deboche: “pobres coitados! não conseguem ver que elas são apenas emissárias de toda podridão que vocês escondem?” 

Efeito surpresa. Nada deixa uma estrutura neurótica mais abalada do que esse termo! E é justamente essa a principal arma das baratas. Contra todo puritanismo e contra todo higienismo, esses insetos se erguem a partir dos ralos e frestas da casa para assombrar os bons cidadãos de bem. O medo talvez não seja de ser como as baratas, mas de aceitar tudo o que elas representam. Elas veem dos esgotos e dos bueiros. Lá onde toda a sujeira e toda merda é levada e escoada. Sua sinceridade revolucionária consiste justamente em não negar a sujeira e toda podridão que estão inseridas. Podridão, que na prática, se pararmos pra pensar, nem delas são. Só que os humanos, ainda demasiados cristãos (Nietzsche chora!), insistem em continuar achando que só a limpeza de seus toaletes basta! Quando na verdade a podridão e toda a imundice vem de muito mais longe e está muito mais articulada. Uma casa em perfeito estado de limpeza e higienização ainda vai continuar estando interligada, associada, a toda uma rede de bueiros e esgotos imundos. Sim, é sujeira demais pra jogar debaixo do tapete não acham? As baratas, o modo de ser barata, esta aí justamente para nos lembrar disso. Que qualquer processo de mudança, que exija limpeza ou substituição de uma coisa por outra, revolução!,  deve sempre estar articulado com uma limpeza muito maior. Do contrário, vamos continuar ficando no paliativo paranoico de “a minha parte eu to fazendo”, que nada mais é do que uma maneira sínica de continuar jogando tudo pra de baixo dos tapetes domiciliares... ou dos esgotos. 

Então porque, ao invés de nos preocuparmos com as baratinhas que aparecem no banheiro (denovo: não adianta o quanto você lavar, uma hora elas aparecem. sorry!) não vamos lá fora, no mundo real, ver o que está acontecendo em nosso bueiros?


Esse texto é uma resposta ao Blog Artifício Socialista que escreveu o seguinte texto: http://artificiosocialista.blogspot.com.br/2012/09/ao-blog-molotov-luz-de-velas-sobre-as.html


Saudações Molotovistas!

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Amor Livre e Futebol: psicologia UFES é o time dos sonhos!



No esporte em geral, principalmente no futebol, existem os “times dos sonhos”. São aquelas equipes que possuem excelentes jogadores que vão desde o goleiro até o último atacante. A qualidade técnica é acima do normal, a bola rola fácil, sem crise alguma. Temos uma defesa, que sempre dentro dos limites que a arbitragem permite, defende bem nosso gol e sempre nos coloca em contra-ataques fulminantes. No meio-campo existem ótimos articuladores que ligam defesa e ataque. É mais ou menos ali que os lances principais serão definidos e executados. E, finalmente, um ataque impecável com jogadores do mais alto gabarito. 

Bom, e o que a história nos mostra? Por algum motivo obscuro, quase todos esses tipos de equipe não vingam. Simples assim: não dão certo. Como se o somatório de tanta coisa boa e de tantas “estrelas” fosse simplesmente a causa das inúmeras derrotas. Em cada jogada, a torcida ensandecida sempre quer mais. Espetáculo: A experiência nos mostra que individualidades e individualismos, somados, não se transformam em “equipe” necessariamente. E na medida em que a “moral” de cada jogador vai aumentando, mais ele quer decidir tudo sozinho. Assim, o atacante, mais um membro do time, se transformará em algum tipo de messias redentor de todos os nossos pecados. O goleiro será um novo tipo de santo católico capaz de proteger nossa retaguarda de qualquer maneira (e ai dele se não conseguir!). E o meio de campo, o “coração” do time, os articuladores, se reduzirão a orgulho e prepotência. E assim, o tão aclamado time dos sonhos começa dar vazão às suas verdadeiras faces. O outro lado da lua começa a aparecer... 

Culpa. De quem seria então? Porque está tudo ali: grandes nomes, grandes “feitos”, uma grande torcida! De modo que do ponto de vista técnico e teórico tal equipe deveria dar muito mais trabalho do que realmente dá. No entanto, o que começamos a ver é o surgimento de inúmeras intrigas entre todo mundo que, de algum modo, faz parte do time: jogadores, banco de reservas, dirigentes, técnicos, auxiliares, preparadores físicos, torcida e mídia. E não existe autocrítica aqui não hein: a fórmula geral é “o inferno sempre será os outros”. E como esse caminho é o mais fácil de percorrer, todos vão seguindo-os com um belo sorriso na cara: alguns mudam de time, outros abandonam o jogo, outros mais cagões permanecem beijando os pés de seus dirigentes, sem dizer daqueles que simplesmente fingem que nada acontece. E assim, cada ator desse grande teatro, cada peçinha desse grande lego, vai cedo ou mais tarde acabar notando o óbvio: “realmente estávamos em um time dos sonhos”. 




-Jogo duro, jogo trincado, jogo difícil de vencer. Tantos lances e não saímos do zero a zero. Fala Casagrande! 


-Então Galvão, parece que ambas as equipes não estão se empenhando em ganhar o jogo de verdade. Na verdade, já passou da hora dos técnicos se lembrarem de que tem jogadores reservas em seu banco. Jogadores de muita boa qualidade inclusive. Realmente é lamentável o que os torcedores estão pagando pra ver...opa, vai lá Galvão! 

-Casagrande, rapidinho. Mas to com o Tino Marcos aqui no ponto querendo falar alguma coisa 

-Alô Galvão, é realmente lamentável. Além de termos que dar cobertura pra essa partida tão, digamos assim, morna, podemos ver que está acontecendo, nesse exato momento, um quebra-quebra GENERALIZADO nas arquibancadas. Absurdo Galvão! 

-Seria briga entre torcidas Tino? Um quebra-quebra descontrolado entre torcidas! é isso que tá acontecendo Tino? As torcidas se revoltam com seus times e começam a brigar entre si! Globo em você, tudo a VER! 

-Então Galvão...é mais ou menos isso! Parece que os torcedores de ambas as equipes se juntaram! Não está havendo briga entre eles não! Todos os torcedores estão, todos juntos, descendo das arquibancadas. A briga deles está sendo contra os policiais do estádio...briga ge-ne-ra-li-za-da Galvão! 

-Galvão, Caraaaaaaaaaai! 

-Fala Casagrande! Quer dizer, olha a boca Casagrande! 

-Todos os torcedores estão invadindo o campo nesse exato momento, meu deus! O jogo vai ser interrompido Galvão! 

-E os torcedores invadem completamente o campo. 

Alguns segundos depois... 

-Bem amigos da Rede Globo! Muito boa noooooite!